Patricia Araujo Nunes dos Santos Mestrado em Inovação Pedagógica

Crianças Especiais e o Empreendedorismo: um estudo etnográfico da Deficiência Intelectual

 O presente estudo teve por objetivo investigar se na escola inclusiva Genilda Porto, situada na cidade de Maceió – Alagoas/Brasil, existe inovação pedagógica, e se as práticas desenvolvidas com os jovens inseridos no Transtorno do Espectro Autista (TEA) poderiam torná-los empreendedores. Na sequência, discutem-se incursões no âmbito escolar em estudo, que incluem observações participativas de  práticas pedagógicas desenvolvidas nos ambientes formais e não-formais de aprendizagem.  Nesse espaço, pudemos acompanhar as ações desenvolvidas nas áreas das artes, por meio das aulas de canto, percussão, dança, capoeira, teatro, artesanato e pintura,  além da construção/testagem de receitas na cozinha experimental. Assim, a base metodológica utilizada nessa investigação foi aquela fornecida pela pesquisa etnográfica de abordagem qualitativa, cujos instrumentos mobilizam a observação participante e a entrevista não estruturada. Os dados recolhidos possibilitaram interpretar, descrever e analisar os conteúdos de base hermenêutica, verificando as ações empreendedoras dos jovens inseridos no transtorno do espectro autista em ambiente formal e não formal de aprendizagem. Diante disso, pudemos constatar as habilidades in loco, lugar que permitiu que duas práticas pedagógicas ultrapassassem os muros da escola,  o que aqui se toma como metáfora representada por dois sujeitos específicos, quais sejam: o primeiro jovem empreendeu para o ramo alimentício, e o segundo,   para o ramo das artes plásticas, ambos iniciaram com o projeto na escola e conseguiram abrir seus próprios negócios. Destarte, conclui-se que as práticas pedagógicas realizadas na escola inclusiva, mas especificamente no interior dessa escola, transcendem  em rumo ao simulacro do contexto social, fazendo com que os jovens inseridos no TEA conseguissem construir sua aprendizagem de maneira autônoma e segura, e proporcionando, assim, subsídios para que os mesmos desenvolvam ações de perspectivas empreendedoras. Esse processo envolve a quebra do paradigma que endossa a consciência de que o autismo faz parte deles, mas não os definem, pelo contrário, os evidenciam pelas suas singularidades.           

Palavras-chave: Autismo; Construcionismo; Empreendedorismo; Etnografia e Inovação Pedagógica.