Maria da Paz dos Reis Spínola Mestrado em Administração Educacional

Liderança e planeamento estratégico da escola: Implicações da sua operacionalização: Entre o discurso e a prática.

A hodiernidade reveste-se de imprevisibilidade e de alguma consternação perante um futuro desconhecido e repleto de incertezas. As escolas, de hoje, enfrentam diversas dificuldades perante a mudança e o futuro, pelo que se torna inadiável a adequação e o alinhamento dos procedimentos que lhes permitam encontrar respostas e novos contornos, no sentido de cumprir a sua missão de serviço público. Assim, é reconhecida a urgência de mudança na dinâmica destas organizações, quer a nível pedagógico, quer a nível organizacional. Torna-se, deste modo, imperioso abordar a problemática do Projecto Educativo de Escola (PEE) como um instrumento à sua disposição para um total reajustamento às exigências de uma sociedade cada vez mais complexa. No quadro da progressiva autonomia dos estabelecimentos de ensino em que se vive hoje, temos por um lado, o líder escolar que ganha uma nova dimensão porquanto é colocado “no centro estratégico de um desenvolvimento organizacional que se pretende coeso, eficaz e de qualidade” (Costa, 2000: 30) e por outro, o PEE como o espaço por excelência para a concretização dessa autonomia, constituindo-se ponto de referência na tomada de decisões que, entendido como um documento de planificação global, define a estratégia da escola e explicita a sua visão e a sua missão. Deste modo, partindo do pressuposto que os líderes de qualidade assumem um papel fundamental, se não imprescindível, na definição do rumo da escola, “na qualidade de facilitadores dos processos de inovação e mudança” (Costa, 2003c: 1334), é essencial estabelecer uma relação entre a postura do líder e o PEE. Assim, como é determinante percepcionar de que forma o líder permite e promove o envolvimento e a participação crítica da comunidade educativa no processo de desenvolvimento deste documento estratégico. Neste pressuposto, a escola do 1º ciclo surge, no contexto do Sistema Educativo, com particularidades próprias que lhe conferem igual complexidade, relativamente às suas congéneres, pelas variáveis em interacção constante. Também a liderança neste grau de ensino se apresenta com especificidades próprias, que caracterizam uma gestão e uma organização estratégica particular. Embora surja na lei mais tardiamente em relação a outros graus de ensino, o PEE assume-se, neste contexto, como um meio através do qual a escola pode promover o envolvimento da comunidade educativa sob a orientação fundamental de um líder eficaz na definição do rumo da escola. Pretendemos, assim, saber se o líder promove e permite o envolvimento da comunidade educativa na preparação da resposta que oferece, apesar dos entraves que possam ocorrer. Nesta perspectiva, realizámos o trabalho de investigação empírica, que aqui apresentamos, numa escola pública do 1º ciclo do ensino básico com pré-escolar da Região Autónoma da Madeira, cuja principal finalidade é compreender de que forma a líder influencia o processo de desenvolvimento do PEE, em conformidade com o(s) seu(s) estilo(s) de liderança. Para isso, recorremos a uma abordagem qualitativa e quantitativa, numa aproximação ao estudo de caso, com recurso às técnicas de entrevista e de inquéritos por questionário. Para melhor compreendermos a actuação da líder, determinámos o(s) estilo(s) de liderança que esta privilegia (Transformacional, Transaccional e Laissez – Faire) e a sua influência no processo de desenvolvimento do PEE, através das percepções do corpo docente, de alguns intervenientes mais directos da comunidade educativa e da opinião da própria líder da escola. Palavras-chave: Escola, Mudança, Projecto Educativo, Liderança, Autonomia, Participação.