Ana Cristina Sousa Fernandes Duarte Mestrado em Inovação Pedagógica

Criatividade em sala de aula: Que lugar nas aprendizagens dos alunos do terceiro ciclo?

Na conjuntura mundial actual, em que os conhecimentos se renovam rapidamente em consequência dos progressos científicos e tecnológicos, os indivíduos deparam-se quotidianamente com novos problemas que não são resolúveis pela aplicação de soluções padronizadas. Os pressupostos teóricos que fundamentaram esta investigação assentaram nas mais recentes teorias do pensamento, que nos levaram a constatar que é necessário que as pessoas desenvolvam um conjunto de capacidades que as ajudem a se adaptarem a novas situações e possibilitem responder criativamente aos novos desafios. Reúne pois, consenso a ideia de que é pela activação conjugada dos pensamentos lógico, prático e criativo, plenamente desenvolvidos, que o homem de sucesso encontra estratégias quer para resolver eficaz e criativamente os problemas quotidianos, quer para inovar. Neste quadro, tornava-se relevante a questão que nos pusemos, a de saber se o nosso sistema educativo estaria organizado de modo a que as experiências de aprendizagem proporcionadas aos nossos jovens estudantes estivessem estruturadas de forma a permitir a expressão e a fomentar o desenvolvimento da sua capacidade criativa. Assim, tendo como objectivo a apreensão do lugar que ocupavam o desenvolvimento e expressão da criatividade nas experiências de aprendizagem proporcionadas aos nossos alunos do sétimo ano de escolaridade no âmbito do desenvolvimento das diversas disciplinas e áreas curriculares não disciplinares, empreendemos este estudo que se norteou pela indagação em três frentes: nos documentos oficiais (provindos do ministério e criados na escola); observação das práticas pedagógicas, diárias, em sala de aula; e auscultação dos professores e alunos. Numa primeira fase desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica de cariz teórico, fundamentadora do pressuposto de que a criatividade é indispensável para o equilíbrio da pessoa, para a auto-realização e para a promoção das capacidades necessárias a qualquer indivíduo para enfrentar os desafios da vida quotidiana, do mercado de trabalho e da necessidade de respostas inovadoras. E, consequentemente, fundamentadora do pressuposto de que é essencial desenvolver a criatividade desde a mais tenra idade, para o que é necessário que nas práticas pedagógicas lhe seja reservado um espaço próprio. Numa segunda fase, tendo em conta que no sistema educativo português centralizado o currículo local, vivido pelo aluno, construído pelo professor para a turma, assenta fundamentalmente no currículo nacional, que determina, em grande parte, os conteúdos a leccionar e as práticas pedagógicas a adoptar, procedemos à análise do Currículo Nacional do Ensino Básico (CNEB), com o intuito de verificar se propunha explicitamente a criação de condições ambientais, sociais e afectivas, promotoras do desenvolvimento da criatividade e se sugeria estratégias ou actividades para o seu desenvolvimento. Na terceira fase, empreendemos um estudo de cariz etnográfico no ambiente natural dos sujeitos, norteado pela vontade de descobrir que lugar é reservado ao desenvolvimento da criatividade nas práticas pedagógicas, e consequentemente nas experiências de aprendizagem proporcionadas aos nossos alunos, que compreendeu a observação de todas as aulas de uma turma de sétimo ano de escolaridade durante alguns meses, conversas informais com os actores, professores e alunos, e entrevistas semi-estruturadas aos professores e alunos, e em simultâneo a análise dos documentos de escola, nomeadamente do Projecto Educativo de Escola e do Projecto Curricular de Turma.