Maria Isabel Jardim da Silva Mestrado em Inovação Pedagógica

Projecto Curricular de Turma e Inovação Pedagógica. Uma abordagem reflexiva e construtiva sobre as concepções e as práticas dos professores no âmbito da inovação curricular.

Numa época marcada pela globalização e mundialização dos problemas, mas também pela procura simultânea da preservação das raízes locais e identitárias, novas exigências sociais emergem, confrontando a escola e os professores com a necessidade de se ajustarem às novas realidades. Tal adaptação passa por construírem respostas cada vez mais flexíveis e diferenciadas, numa sociedade que se revela mais heterogénea e desigual, pelo que “a diversificação e a gestão local do currículo”, deve ser a resposta, assumindo o Projecto Curricular de Turma (PCT), neste contexto, uma relevância particular. A investigação que agora se apresenta pretende analisar, de forma crítica e fundamentada, as perspectivas conceptuais e as práticas dos professores duma escola do 1.º Ciclo do Ensino Básico do Funchal – RAM, no campo da reorganização curricular para este nível de ensino, estabelecida pelo Decreto-Lei n.º 6/2001, e no âmbito da inovação pedagógica, procurando entender até que ponto o PCT serve de instrumento para uma gestão curricular flexível e adaptada à diversidade das turmas a que se destina. Neste estudo, a recolha de dados implicou uma abordagem qualitativa, consubstanciada pela análise de conteúdo de documentos referentes às entrevistas, aos questionários, aos Projectos da escola (PEE e PCE) e aos Projectos das professoras envolvidas no mesmo (PCT), e também às observações levadas a cabo nas respectivas turmas. Não obstante as limitações que um trabalho desta natureza apresenta, os resultados obtidos apontam para alguma modificação na procura de novas formas de acção pedagógica, embora não seja ainda a mudança desejada. Percebemos que as professoras, de um modo geral, dominam a noção de PCT e as concepções a ele inerentes, reconhecem as vantagens da sua elaboração, nomeadamente, na mudança/inovação e na melhoria das ofertas educativas para os alunos, com benefícios ao nível das suas aprendizagens e das aquisições sociais. No entanto, também percebemos que falta melhorar alguns aspectos, sobretudo na acção docente, se queremos uma mudança significativa nas práticas. De qualquer forma, ficou evidente a necessidade de uma maior aposta na formação dos professores, ao nível da formação inicial e contínua, de modo a promover uma “cultura de projecto” e a dotá-los com as ferramentas próprias que lhes possibilitem práticas inovadoras e que os ajude na construção de PCT com sentido, numa escola para todos.