Luzia da Conceição Sousa Almeida Mestrado em Supervisão Pedagógica

Necessidades de Formação dos supervisores cooperantes das licenciaturas de 1º ciclo do ensino básico

A componente prática dos cursos de formação inicial dos professores do 1º ciclo de Ensino Básico constitui um marco importante no desenvolvimento pessoal e profissional do estagiário, assim como na passagem do estatuto de estudante a professor. Neste contexto, surge um dos protagonistas de grande relevância, o professor que nas escolas recebe o estagiário na sua turma, e designado, no nosso estudo, de supervisor cooperante.
Uma vez que a complexidade das competências supervisivas vão para além do exercício de docência, estes professores devem evidenciar não só práticas de excelência e inovadoras, como também devem possuir competências no âmbito da supervisão.
Convictos que as competências supervisivas podem ser apreendidas através de formação especializada, mas também com a crença de que a formação de adultos, para que possa concorrer activamente para a mudança de atitudes, deve partir intrinsecamente dos interessados, procurámos com esta investigação apresentar resultados sobre que necessidade de formação apresenta esta população para o exercício das funções supervisivas, sendo este o nosso objecto de estudo.
A natureza do objecto em análise sugeriu a aplicação de metodologias de investigação de carácter qualitativo com uma posterior complementação mais quantitativa. Os processos aplicados na recolha de dados incluíram, numa primeira fase, entrevistas semi-estruturadas, dirigidas aos supervisores que colaboraram nos estágios, ou seja, 15 supervisores cooperantes e, numa segunda fase, a aplicação de questionários a todos os supervisores cooperantes (24) que no ano lectivo de 2002/2003 cooperaram nos estágios e também na prática pedagógica dos referidos cursos, na Universidade da Madeira, Departamento de Ciências da Educação. Os dados provenientes das entrevistas foram sujeitos à análise de conteúdo. Os dados emergentes do questionário foram sujeitos a análise estatística havendo posteriormente uma triangulação de todos os dados auferidos ao longo deste processo.
Os resultados do estudo clarificam a problemática permitindo enunciar as áreas que mais aquiescência teriam numa formação especificamente concebida para supervisores cooperantes: reflexão, observação, relacionamento interpessoal, prática pedagógica, autonomia do formando, currículo, avaliação, e supervisão.
A análise e interpretação dos resultados sugerem ainda outras conclusões inerentes à componente prática da formação inicial: evidenciam uma insuficiente cooperação entre a instituição formadora e as escolas e consequentemente com os supervisores cooperantes; pouca clareza para a selecção destes profissionais, bem como alguma indefinição no perfil desejado.
Sendo o supervisor cooperante um elemento fulcral no processo de formação dos futuros professores há que repensar numa formação credível que tenha como base as conclusões deste estudo.