Maria Lúcia de Sousa Henriques Fragoeiro Mestrado em Supervisão Pedagógica

A Importância da Educação Sexual na Formação dos Docentes - Pré-Escolar e 1º Ciclo

Ao longo dos tempos, através das várias civilizações e sob as mais variadas formas, tem-se verificado que o desenvolvimento sexual de cada indivíduo é fortemente condicionado por forças sociais dominantes. Formal ou informalmente, todos os povos praticam alguma espécie de educação sexual.
A importância da sexualidade na vida humana e a sua profundidade fazem com que essa educação não possa limitar-se a mera informação nem deva ser uma educação à parte, mas sim parte integrante da educação em geral. Por outras palavras, toda a educação deve ser sexuada. Reconhecer este princípio é condição essencial para se assegurar a formação da personalidade baseada nos valores que regem a sociedade democrática.
A educação para a sexualidade visa a unidade do Ser Humano, na diversidade do seu ser físico, psíquico, afectivo, social e espiritual. Nas nossas escolas, porém, predomina, ainda uma disciplina do dever que promove a receptividade passiva, enquanto fora da escola se desenvolve apaixonadamente o espírito de aventura, movido por uma insaciável curiosidade. Como conciliar no indivíduo o «dever» com o «prazer», dimensões fundamentais num processo de construção humana? Como tornar a sociedade mais humana, capaz de promover nos indivíduos a construção do «Ser»?
A educação para a sexualidade exige dos professores não só competências no domínio cognitivo/científico, mas também um alto nível de desenvolvimento emocional e ético, nas suas várias expressões. A formação de professores capazes de responder às necessidades da pessoa nas dimensões fisiológica, psicológica e sócio-cultural da sexualidade, através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afectiva e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação eficaz e a tomada responsável de decisões, é o tema central deste trabalho. Nele se inclui um estudo empírico, realizado na Região Autónoma da Madeira, acerca da formação de docentes nessa área. 
A amostra é constituída por docentes do Pré-escolar e do 1º Ciclo, porque a investigação tem demonstrado que a infância (sensivelmente entre os 5 e os 10 anos) é a fase mais propícia ao desenvolvimento de atitudes e hábitos relativamente ao sexo e à sexualidade. Utilizou-se para recolha de dados um questionário previamente elaborado e validado pela autora, pretendendo-se com o mesmo conhecer as opiniões/atitudes dos respondentes perante a importância da formação dos docentes em educação sexual e sua implementação curricular.
Da análise das respostas obtidas concluiu-se que quase todos os docentes acham importante a formação em educação sexual, quer para si próprios (98,61%) quer para os alunos (97,32%), nomeadamente na adopção de comportamentos saudáveis. Salienta-se o facto de, não tendo a maior parte dos docentes (54,14%) recebido ainda qualquer formação nesta área, são muitos os que se consideram razoavelmente preparados (64,30%), a maioria dos quais pertence ao grupo que fez alguma formação. Contudo, quase todos (96,80%) manifestam interesse em fazer formação. 
Uma grande percentagem (91,70%) atribui à escola um papel fundamental na educação sexual. No entanto, interrogados sobre a sua implementação nas aulas, apenas 33,10% dos docentes dizem falar com os seus alunos sobre assuntos relacionados com a sexualidade. A maioria deles fez formação específica.
Quanto ao início da educação sexual, 87,90% está de acordo que se faça antes dos dez anos (45,22% aponta desde o nascimento e 42,68% refere a faixa etária entre os 6-10 anos).